Posted by & filed under Artigos.

No cenário atual de intensas fiscalizações pelo MTE e investigações do MPT, a prevenção é a melhor estratégia. Não basta a posição reativa. É hora de buscar o preenchimento das cotas, investir em treinamentos e criar uma cultura inclusiva não só para garantir a conformidade legal, mas também para afastar desgastes financeiros e reputacionais.

A inclusão no mercado de trabalho é uma prioridade no Brasil. Para o cumprimento desse objetivo social, a legislação trabalhista impõe às empresas uma série de obrigações relacionadas à contratação de pessoas com deficiência (PCD) e aprendizes.

Didaticamente, de acordo com a lei de cotas, empresas com 100 a 200 trabalhadores precisam ter 2% do seu quadro funcional de pessoas com deficiência. De 201 a 500, são 3%. De 501 a 1000 são 4%. E com mais de mil funcionários, são 5%, garantindo assim a contratação de pessoas com deficiência em seus quadros, permitindo-lhes uma oportunidade de trabalho.

Por outro lado, a contratação de aprendizes é regulada pela Lei 10.097/00, que exige a inserção de jovens no mercado de trabalho em funções que demandem formação técnica e profissional, na proporção mínima de 5% e máxima de 15% sobre o número de funcionários de cada estabelecimento.

A realidade: fiscalização rigorosa e ação do MPT

Além disso, para apurar o cumprimento dessas obrigações, há todo um sistema ligado ao Ministério do Trabalho que fiscaliza empresas ao redor de todo o país, com atividades sistemáticas de investigação.

Essa máquina fiscalizatória, inclusive, ganhou muita força, capilaridade e velocidade com a fiscalização “digital”, ou seja, aquela feita com base em informações constantes do eSocial, sistema que cada vez fornece toda a situação das empresas.

Com isso, o fiscal não precisa mais se deslocar até as empresas. Com um clique, o fiscal já sabe quantos empregados a empresa possui, qual a cota a ser cumprida e quantos empregados, de fato, compõem ou não a cota legal. A fiscalização se tornou, assim, muito mais eficaz.

Nessa perspectiva de aceleração das medidas fiscalizatórias, o que se tem visto é um aumento vertiginoso do número de fiscalizações do MTE, o que vem sendo acompanhado também pelo aumento de investigações do MPT, o que torna a adequação dessas contratações uma prioridade estratégica.

O MTE e o MPT têm concentrado esforços para verificar o cumprimento das cotas, aplicando multas pesadas às empresas que descumprem essas obrigações. Além das penalidades financeiras, as investigações podem resultar em Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), que impõem prazos e medidas corretivas.

O descumprimento dessas normas não só prejudica a empresa financeiramente, mas também sua reputação no mercado, podendo gerar ações civis públicas, o que desgasta a empresa e impõe verdadeiras forças-tarefa para o cumprimento da lei apesar de dificuldades envolvidas.

Estado da arte: não há mais espaço para justificativas

Além das fiscalizações, o MPT tem investigado, com maior frequência, as empresas que alegam dificuldades na contratação de PCD e aprendizes. A justificativa de que não existem candidatos qualificados ou em número suficiente não tem sido aceita pelos órgãos fiscalizadores, que exigem uma atuação proativa das empresas.