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Indústria debate impactos da reforma tributária no RN
04/12/2025
A reforma tributária e seus impactos na competitividade, nos contratos e no patrimônio das empresas potiguares foram temas do debate realizado nesta quarta-feira (3), na Casa da Indústria, em evento promovido pela Fiern em parceria com a assessoria de investimentos Cretum, credenciada junto ao BTG Pactual. O encontro reuniu empresários, especialistas e representantes de diversos setores para analisar as mudanças previstas no novo modelo tributário.
Ao longo do evento, o setor produtivo recebeu orientações sobre como a reforma deve impactar contratos de longo prazo, processos de precificação em mercados competitivos, gestão de créditos, além de pontos como inadimplência e possíveis conflitos interpretativos diante das novas regras.
Roberto Serquiz, presidente da Fiern, explica que a classe industrial já começou a se preparar para a reforma tributária, inclusive com a parametrização dos sistemas internos e ajustes tecnológicos necessários para atender às novas regras.
“A reforma exige a gente entender e ter conhecimento. Hoje é mais um momento que nós estamos oferecendo aos setores industriais para que eles possam realmente obter respostas a dúvidas que ainda persistem”, destacou Serquiz.
Os palestrantes Fernando Castellani e Danilo Crotti destacaram que o cenário exige atenção imediata. Entre os pontos considerados mais urgentes está o mapeamento dos contratos que podem sofrer impacto direto, principalmente aqueles com prazos extensos ou cláusulas sujeitas a variações tributárias.
Danilo Crotti, mestre em Controladoria e Finanças, aconselha que as empresas se certifiquem se o sistema de tecnologia já está apto para emitir os documentos fiscais. “Existem diversas ferramentas que ajudam as empresas a garantir o fluxo de caixa, que é importante para o dia a dia de operações e, eventualmente, reduzir eventual lucro a ser tributado”, destacou o especialista.
Segundo ele, o Rio Grande do Norte e municípios devem se preocupar em investir em infraestrutura para atrair consumidores: “Antigamente, a origem da receita dos estados, o ICMS, a fonte era onde a indústria estava instalada; agora, na verdade, quem vai pagar esse imposto é o consumidor final”, explica.

Fernando Castellani, doutor em Direito Tributário e especialista em recuperação e reestruturação de empresas orienta que, no curto prazo, as empresas realizem simulações específicas para entender como a reforma tributária afetará seus modelos de negócio. Cada empresa deve desenvolver uma estratégia alinhada às novas alíquotas, considerando também os riscos jurídicos que podem surgir durante o período de transição.
“Num primeiro momento você tem convivência de sistemas um pouco mais caros, porque você tem uma tributação nova que é substancial, mas que o impacto específico vai depender muito de cada negócio”, explica Castellani.
Durante a reunião, um dos temas em destaque foi o papel das equipes comerciais. Com o split payment — mecanismo que muda o fluxo do pagamento de impostos —, os especialistas defenderam que os times de vendas precisam ser treinados para compreender a formação de preços no novo modelo, além de revisar políticas de crédito.
Apesar da preparação ser necessária, a indústria tende a ser o setor menos impactado pela reforma tributária, de acordo com Fernando Castellani. “Em tese, a indústria tem até eventualmente uma melhora no cenário. Em tese, a indústria vai ser uma grande tomadora de crédito, apesar da complexidade da mudança.”, disse.
Ele destaca que a eficiência tributária no novo modelo passa por três pilares: a escolha de bons fornecedores, a garantia de um sistema robusto de compliance tributário e a revisão completa do cálculo do custo de produção. “A palavra de ordem é planejar a transição e não ser pego de surpresa”, reforça.
Roberto Serquiz ressalta que dois fundos previstos na reforma merecem atenção do RN. Um deles é o fundo de compensação, que assegura estabilidade às empresas que já possuem benefícios fiscais; o outro é o fundo de desenvolvimento, direcionado à inovação e à infraestrutura.
O presidente da FIERN afirma não ver risco de perda de competitividade para o setor industrial do Rio Grande do Norte. Ele avalia que o novo modelo oferece condições para avançar em uma agenda de neoindustrialização, principalmente na indústria de transformação.
“Cada um tem que se preparar, como eu já disse, porque vai valer a vocação de cada região, vai valer a infraestrutura dos seus polos industriais, a sua capacidade logística, a sua capacidade de qualidade de mão de obra”, pontua Roberto Serquiz.
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